Se há coisa que merece ser guardada é cada pequeno registo da nossa infância. Nada é trivial... cada registo daquilo que fomos, daquilo que veio antes daquilo que viríamos a ser tem, mais tarde, um valor incalculável no nosso coração. Os desenhos. As cartas de amor. Os cadernos.
A verdade é que crescemos a ouvir uma pergunta: O que queres ser quando fores grande?
E então imaginamos. E então sonhamos.
Um dia, mais tarde, somos nós que fazemos essa pergunta a gente mais nova. Mas afinal, o que quero eu ser, agora que já sou grande?
Algures entre o então e o agora, deixei de pensar nessa resposta. Deixei de imaginar. Deixei de sonhar. E certamente que alguma coisa se perdeu. Alguma coisa, ou alguém...
A verdade é que, olhando para o meu caderno escolar do 4º ano, vejo perfecionismo. Linhas direitas. Desenhos bem definidos. Frases inocentes, cheias de significado. Letra bonita. Pinturas cuidadas, com um padrão definido. E pergunto-me: onde estás tu, Tiago Miguel?