sexta-feira, abril 29, 2005

So simple...



Mulholland Dr. é daqueles filmes absolutamente fascinantes... No centro da história, uma mulher com amnésia, largada na terra dos sonhos... Sem lembranças, sem destino... Acolhida por outra mulher, tenta refazer a sua vida e recordar a memória perdida, num caminho sem ponto de partida e sem destino... Resumindo, uma estrada que nos envolve durante duas horas, apenas para chegarmos ao final tal como no início... que afinal de contas nem era o início... era o meio... porque o início, esse, permanece desconhecido... e o final? é um caminho sem destino (por outras palavras, o final também não é um final)... complicado...

E às vezes a vida também é assim... complicada. Cabe a cada um de nós DESCOMPLICAR a nossa vida, sob pena de acontecer (se nada fizermos) aquilo que acontece depois de se ver um filme do David Lynch... isto é, pensar, repensar e voltar a pensar no assunto, apenas para se chegar à conclusão que não se percebe aquilo que se passou... um labririnto de ideias e pensamentos, dos quais não nasce nem cresce qualquer tipo de conclusão...
Dizer à pessoa de quem se gosta o quanto se gosta dela... complicado? Descomplique-se... num segundo, “amo-te”...
Estar com uma pessoa com quem já só se sabe discutir... complicado? Provavelmente basta ouvir a outra parte e aceitar que não temos razão em tudo... isso é complicado? Descomplique-se... Ninguém é dono da verdade... umas vezes estamos certos, outras estamos errados... aceitar isso é a melhor coisa que se pode fazer... De repente, as coisas começam a fazer sentido... e aquilo que era complicado, passa a ser mais simples... no mínimo, menos difícil...
Perdoar a quem tanto mal já nos fez... Complicado? Sim... se alguém encontrar uma forma de descomplicar este, que me avise :P

De qualquer forma, vale a pena tentar... às vezes não é fácil, mas... talvez seja a única forma de tornar a vida mais SIMPLES... e, como consequência, de se ser mais feliz...

sábado, abril 23, 2005

Tinha que ser assim?



É assim, sinceramente, eu podia estar aqui com merdas, que os amigos deitam cerveja para cima de outros gajos e eu é que pago por isso, mas não...
Prefiro vir aqui, com toda a humildade, falar da curta metragem da minha vida... Uma curta-metragem de 10 minutos que mostra a maneira como dois amigos vêem um terceiro amigo... um Hound Dog acompanhado de uma dança espontânea... um For The Love Of a Princess acompanhado por um discurso pensado no McDonald's... Um Barcelona interpretado pelo Freddy e pela Monserrat em simultâneo com um (dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove) "Porquê Morgado? Porquê"... Um Confortably Numb cantado para o garfo... E para encerrar, uns créditos finais ao som do Serafim Saudade...

Um hino à amizade.. um sacrificio que leva pessoas à emoção sincera de quem sente o valor da verdadeira amizade e não apanha uma malha à saida de uma descoteca para a qual nunca tinha tido a intenção de entrar...

Um jantar infantilmente inflexível no McDonald's quando podíamos ter ido à procura de um restaurante vegetariano...

Uma edição limitada... posso chamá-la de "Porquê? Tinha que ser assim"... uma produção 3 Fininhos... ou como se diz em "americano", 3 Slim's...


Nada a ver, mas...: Hoje sinto-me semi-preto, semi-branco... preto do lado direito e branco do lado esquerdo... mas é temporário... logo passa... assim que o inchaço do lado direito do lábio passe...

domingo, abril 17, 2005

Melodias que se repetem



Hoje sinto-me cansado... ou simplesmente em baixo... e, como habitualmente, escolho aquelas palavras... aquele som do costume... o som que pode ao mesmo tempo caracterizar a minha alegria e a minha tristeza... aquela música que ouvi em momentos de solidão, embora acompanhado e em momentos mais felizes, embora estivesse só... Uma música que alguns consideram de triste, melancólica, mas que me consegue meter um sorriso na cara ao mesmo tempo que a lágrima se agarra com todas as forças ao canto do olho, teimando em não cair... “Push me down, I don’t care\I’m as light as air”… “Dance around loneliness\Be a silly mess”…

Lisa Germano... Wood Floors... :’)
Sinto-me aliviado... É bom escrever...

Também somos aqueles que perdemos



Três histórias... Três vidas muito distintas que têm como ponto de encontro um acidente de viação (bem ao estilo de Alejandro González Iñárritu)... Três relatos de amor, em classes muito diferentes... Uma família suburbana da America Latina, sem recursos, com o problema de gravidez não planeada e que recorre a "actividades paralelas" (leia-se: assaltos e apostas) para sobreviver; um casal que vive do luxo, num mundo de super-estrelas de revistas e TV, da moda, de interesses; e um ex-professor universitário que decide abdicar da sua vida estável para se tornar um guerrilheiro, acabando por passar 20 anos na prisão, tornando-se um vadio que faz o trabalho sujo a quem pagar bem...
Em comum têm o amor (visto em três situações distintas) e a perda... Todos amaram... todos perderam algo...
De facto, "acreditar que no amor não se sente dor" é algo que acontece... bem... até acontecer a perda... e quando esta sucede, provavelmente a vida fica virada de pernas para o ar... E o prvavelmente surgiu-me não sei bem porquê... a verdade é que a vida fica mesma virada do avesso e cabe a cada um de nós lidar com a nova situação... cabe a cada um de nós resolver tudo aquilo que está ligado à perda e seguir um novo caminho, a partir do zero...
Ou talvez não se tenha de começar do zero... talvez nós também sejamos um pouco daqueles que perdemos... afinal de contas, também eles fizeram parte da nossa história, também eles nos fizeram optar e nos ajudaram a formar o nosso "eu", em determinada altura da nossa vida, até que viraram o nosso mundo do avesso... E então somos obrigados a dar uma pequena volta (entenda-se resolver o que há para resolver... não deixar as coisas mal acabadas...) para depois podermos seguir em frente... seguir em frente a partir do ponto onde tinhamos deixado...
A imagem final do filme é a imagem perfeita para este pensamento... Um homem, depois de enfrentar o passado e de "resolver" as coisas da forma que o deixariam tranquilo, a caminhar sem destino... o passado para trás... um mundo para descobrir pela frente...

sábado, abril 16, 2005

O rapaz que não queria crescer



Numa palavra: maravilhoso... Não há dúvida que a história de Peter Pan é daquelas histórias que nos fazem sonhar, mas que no final nos dizem que todos temos que crescer... Uma viagem ao mundo da inocência... "As preocupações dos adultos são exactamente aquelas coisas em que as crianças não pensam". As crianças não pensam nas contas a pagar, nas responsabilidades junto dos outros ou naquilo que as pessoas pensam delas... As crianças não pensam sequer nos sentimentos... Tudo acontece com total espontaneidade... Só quando crescemos é que pensamos em tal coisa... Amar... o que significa amar? Casar... Ter filhos... Responsabilidades de adultos...

Não significa isto que as crianças não sintam... A questão é que tudo acontece com perfeita inocência... pureza, diria mesmo... até ao dia em que as crianças crescem e a pureza dos sentimentos passa a responsabilidade de adultos... complexidade... as coisas deixam de ser simples... Era tão bom que não tivesse de ser assim... Era tão bom que não tivessemos de crescer e pudessemos sentir com a inocência de uma criança...

Mas o rapaz que NUNCA cresce é Peter Pan... todos os outros crescem... eventualmente... mas nem por isso deixa de ser bom sonhar... nem por isso deixa de ser bom amar...

terça-feira, abril 12, 2005

O equilíbrio...



O sobrenatural em todo o seu esplendor. A luta entre o bem e o mal na forma de anjos e demónios... A presença de híbridos capazes de fazer pender a balança para um ou outro lado e encaminhar as pessoas para as boas ou más decisões... os bons ou maus caminhos que vão dar até ao Céu... ou, o mais recorrente no filme, ao Inferno.
No meio de toda esta guerra aparece John Constantine, que tenta manter o equilíbrio (ou fazer a balança pender para o Bem) com um intuito muito pessoal. Abrir o seu caminho para o Céu e fugir ao seu destino, o Inferno... E é nesta perspectiva que ele se depara com um grande problema: será que ele merece essa oportunidade? Será que ele merece a oportunidade de mostrar que sabe escolher o caminho do Bem?

Até certa altura eu pensei que todos mereciam uma oportunidade... Se fosse eu, gostaria que me concedessem uma segunda oportunidade... Porque não conceder oportunidades aos outros quando alguma coisa corre mal? Oportunidades para estes mostrarem que sabem que erraram e que não é esse o caminho que querem...
Pena que a cada dia me vá convencendo do contrário... Há pessoas que não merecem sequer uma primeira oportunidade, quanto mais uma segunda... Para quê? Para no final nos desiludirem mais uma vez? Para no final voltarem a fazer aquelas coisas que nos magoam? Afinal de contas são pessoas como eu os “anjinhos” que acabam por ver a balança desequilibrada...

Há pessoas que não merecem novas oportunidades... e hoje eu descobri mais uma... a diferença é que desta vez eu não vou ser um “anjinho”... vou ser apenas um rapazinho equilibrado... :)

quinta-feira, abril 07, 2005

Falando de basquetebol



Bem, "Eddie" é dos piores filmes que alguma vez vi. Mas, obviamente, comunicar a quem vir este post que é um filme a evitar não é o grande objectivo.
Na verdade, queria escrever um pouco sobre o basquetebol e este foi o primeiro filme de basquete que me passou pela cabeça, de entre aqueles que eu vi...
Quando escrevo "falar de basquete" não me refiro a técnica ou táctica ou a fazer qualquer tipo de análise do tipo. Queria falar de basquete porque fui hoje colaborar num torneio de promoção do basquete nas escolas (já foi Sumol... Sunny-D... agora chama-se Compal-Air...), realizado na escola Martim de Freitas e apercebi-me de como o basquete continua a preencher um grande espaço na minha vida... E quando eu digo isto, refiro-me em termos de felicidade.
Como jogador, não tenho dúvida que tive a sorte de ganhar (para além dos títulos :S ) alguns dos meus bons amigos... tive a sorte de fortalecer amizades antigas, também... E podia ter parado por aí... mas não... Continuei ligado ao basquetebol e é fantástica a forma como os mais novos me conseguem envolver com o seu feedback... Sejam atletas meus\minhas, sejam atletas do clube onde dou treinos, sejam anónimos, desconhecidos, que por alguma razão engraçaram com alguma coisa em mim que ainda hoje não consigo perceber o quê...
São dias como o de hoje, em que percebemos que as actividades que escolhemos (bem ditas opções... sempre as opções... :) ) nos dão muito mais do que algum dia esperámos, que nos abrem sorrisos e nos dão mais uma força para continuar (custo de oportunidade: para fazer algo, vamos estar sempre a prescindir de outra coisa qualquer)...
Sem dúvida uma bela (e saudável) forma de conhecer pessoas, das mais variadas idades, que voluntária ou involuntariamente nos completam das mais diversas maneiras...
Ah... e evitem o filme... é mesmo muito mau :P

quarta-feira, abril 06, 2005

Teorias de super-heróis



Embora tenha apreciado francamente mais o Volume 1 da saga Kill Bill, houve algo que me despertou particular interesse no Volume 2.
O diálogo em que Bill (David Carradine) fala sobre super-heróis para mostrar o seu ponto de vista a Beatrix Kiddo (Uma Thurman) é feito de uma forma que não só me despertou o interesse, como me fez um fan ainda maior dos comics e das histórias de super-heróis...

Independentemente disso, nesse diálogo, é dito que cada herói tem o seu alter-ego... O Batman é na verdade Bruce Wayne... O Homem-Aranha é na verdade Peter Parker... O Super-Homem é Clark Kent...
A questão é esta: Bruce Wayne tem de vestir o fato para se tornar Batman... Peter Parker tem de vestir a licra para ser o Homem-Aranha... E é aqui que o Super-Homem é diferente dos outros. O Super-Homem nasceu Super-Homem... O fato que ele usa é o fato que foi enviado juntamente com ele para a terra. E o seu alter-ego, Clark Kent, é que é a ficção... Clark Kent não é mais do que a forma como o Super-Homem vê os terrestres... Fracos, inseguros, algo estúpidos...

Com tudo isto, quer-se concluir que as pessoas nascem com um propósito. Há pessoas que nascem para matar (no contexto do filme)... Outras nascem para fazer outra coisa qualquer...
E é aqui que eu, apesar de fascinado com toda a argumentação anterior, entro em desacordo.
Cada um encontra o seu próprio caminho através das suas próprias opções ao longo da vida.
Certamente que o ambiente envolvente e as pessoas com quem nos relacionamos vão ter o seu peso na nossa forma de pensar, de ver e até mesmo de sentir as coisas... É por isso que é importante saber escolher as pessoas que se quer ter por perto...
Não deixa no entanto de ser importante ter consciência que são as nossas opções que nos definem... São as decisões em relação ao que queremos ou não fazer que nos vão definir e é exactamente isso que faz com que cada um de nós seja único...
E se os amigos nos ajudarem a tomar decisões, vão também eles contribuir para nos definir... E se as opções forem as melhores possíveis, então ajudar-nos-ão a ser melhores como pessoas...

terça-feira, abril 05, 2005

Um caminho a seguir...


Zatoichi... Vi este filme pela primeira vez no cinema... Saí deliciado com esta obra de Takeshi Kitano... Um filme japonês que conta a história de um velho viajante, cego, mestre na arte de manejar as espadas...
O filme em si é pouco mais do que um longo esquartejamento que dura cerca de 2 horas, sem história que valha a pena contar e sem grandes conclusões a tirar... Não deixa no entanto de mostrar a passagem de um viajante por mais uma terra, na sua jornada ao encontro de absolutamente nada...

E então eu penso: "Como é que um filme sem história que valha a pena contar me fascinou? Como é que uma película assim me despertou a curiosidade e me impeliu a ver mais 3 filmes do senhor Kitano, cada um melhor que o outro?"

Será que por vezes o mau também pode ser apreciado? Ou será que foi a ideia presente no filme que me fascinou? Um filme sem nada que valha realmente a pena contar, mas onde existe uma pessoa que apesar de não apresentar grande background tem um caminho a seguir e está plenamente consciente disso... Afinal de contas, é esse o nosso dia-a-dia... Um caminho a seguir, independentemente da história, do background de cada um...

segunda-feira, abril 04, 2005

You stay, I'll go... No following...



The Iron Giant, um filme de animação sobre o bem e o mal... sobre opções... Sobre aqueles que amamos e com quem podemos contar...
Não querendo entrar em pormenor em relação ao filme, não posso deixar de referir a forma como um objecto aparentemente inofensivo mas que é, na verdade, uma arma de guerra, consegue evitar que a razão da sua existência (destruir) o obrigue a fazer aquilo que ele não acha correcto. Uma arma de guerra escolhe ser o Super-Homem (o símbolo do bem) e decide que aquilo que quer é defender Hogarth e aqueles de quem ele gosta...
E tudo isto me faz pensar no dia-a-dia das pessoas... Todos os dias fazemos opções, muitas das quais vão afectar positiva ou negativamente aqueles que nos rodeiam... Mas se isto é um dado adquirido, também o é que algumas dessas decisões são feitas para corresponder a expectativas que as outras pessoas têm... É incrível como isso acontece... Até porque muitas vezes nem são essas as pessoas de quem gostamos... não são essas as pessoas que amamos e queremos junto de nós... E então acabamos por magoar as pessoas de quem realmente gostamos...
Ora, a partir de hoje, também eu quero ser uma espécie de Iron Giant... Também eu quero fazer as minhas opções e fugir à pressão das expectativas dos outros... Também eu quero seguir o meu próprio caminho e, com as minhas opções, defender aqueles que amo... E se, pelo caminho, uma opção me desfizer em mil e um pedaços, também eu quero ter a capacidade de os reagrupar e de me voltar a "montar", para poder voltar ao meu caminho...
You stay... I'll go... no following! :)